segunda-feira, 10 de maio de 2010

A vida

"Quando você nasceu, você chorou e o mundo alegrou. Viva sua vida de forma que quando você morrer, o mundo chore e você se alegre."

"A vida é mais simples do que a gente pensa; basta aceitar o impossível, dispensar o indispensável e suportar o intolerável."

"Não acrescente dias a sua vida, mas vida aos seus dias."

"Aprende a viver e saberás morrer bem"

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O Tropeiro

O tropeiro



Quinta-feira, maio de 1924, o dia amanhecera cinzento, a tristeza pairava no ar daquele pequeno arraial, as pessoas iam deixando suas casas e caminhando em direção a pequena igrejinha, para se despedir do grande amigo Agostinho das mulas, homem respeitado e admirado por todos, ele era o tropeiro que abastecia o pequeno arraial de Alfié, todos os tipos de novidade que chegavam a Belo Horizonte, agostinho trazia para Alfié. Na tarde de quarta-feira, Agostinho fora atacado por animais selvagens que famintos o feriram fatalmente. A maior curiosidade entre as pessoas que se despediam de Agostinho era saber como o sisudo português Gaspar dono da única mercearia do arraial faria para repor seus estoques de mercadorias.
As 14hs o corpo de agostinho foi enterrado, e a cidade entristecida tentava dar rumo a vida. Um triste final de semana teve o arraial, mas a segunda-feira chegou com um céu claro e um lindo sol, Gaspar abriu sua mercearia como de costume bem cedo. No horário em que muitos lavradores passavam pelo estabelecimento, amolavam suas enxadas e foices, compravam fumo e outros apetrechos. As seis horas chegava o funcionário de Gaspar, encolhido de frio chegava com aquela cara de preguiça e ia direto provar o seu café. Era um rapaz esguio e de boa aparência filho de descendentes espanhóis, José Gregório ajudava Gaspar em tudo, desde o serviço mais pesado ate mesmo nas contas, era muito esperto, mesmo com pouco estudo dominava bem as continhas que o próprio Gaspar havia lhe ensinado, naquela manha a preocupação de Gaspar estava estampada em seu rosto. Ainda não sabia o que fazer com a falta de Agostinho. José Gregório então lhe perguntou o que ele iria fazer para suprir a perda de Agostinho, Gaspar muito nervoso e de arranco disse que ainda não sabia, foi então que José se ofereceu para ir buscar as mercadorias. Sr Gaspar olhou bem para o rapaz, reflexivo e em silencio entrou venda a dentro sem dar nenhuma palavra, José então pôs-se a trabalhar pois estava com medo da reação de Gaspar, mas para a sua surpresa, ele voltou muito calmo e lhe agradeceu dizendo que ele ainda era muito novo para o serviço e quem sabe quando estivesse mais velho. Três dias depois chegou em Alfié o sobrinho de Geraldo Silva um lavrador da região, seu nome era João Valente, veio fugido da região da zona da mata, onde ele teria assassinado um companheiro durante uma briga, Geraldo apresentou seu sobrinho e disse a Gaspar que podia confiar o serviço a ele pois era rapaz de confiança. Gaspar então lhe contratou. Na manha seguinte bem cedo João Valente ja estava de pé na porta da venda esperando ela abrir, surpreso ao vê-lo, Gaspar gostou de ver sua animação, passou-lhe todos os apetrechos, os burros com seus balaios, o imponente cavalo Rubião, uma arma de fogo e o mais importante, o dinheiro, que Gaspar fez questão de adverti-lo: - Não faça conta errada, não o perca, não deixem que o roubem, se alguma coisa acontecer será descontado do seu salário. João valente concordou balançando a cabeça afirmativamente, subiu em Rubião e partiu sob o olhar curioso dos que passavam por ele na pequena estrada de terra, um pouco mais a frente encontrou com José Gregório que chegava lentamente para o trabalho, ele o fez parar para lhe prevenir:
- Cuidado, nesta estrada tem mais fantasma e bicho ruim do que você pensa, o Agostinho já encontrou muita coisa ruim por ai. – João valente sorriu, bateu a mão no coldre e disse: Bicho ruim e fantasma eu paro é na bala, inté pro cê...
- A viagem até Nova era durava em media um dia e meio. O mercado de nova era recebia mercadorias que chegavam da capital, Belo Horizonte. João Valente ficou meio ressabiado com o que José havia lhe falado e redobrou a atenção, a medida que ia se afastando da cidade sentia uma dorzinha de barriga que começava a lhe incomodar, duas horas depois pulou rapidamente de Rubião e embrenhou-se no mato, a caganeira acabara de se instalar, mais duas horas, de novo o mato era a sua casa. Novamente com o pé no caminho e agora com quase seis horas de viagem, valente resolve parar e preparar o almoço, uma mistura de farinha de milho, feijão, ovos e carne seca, depois de comer uma panela inteira da mistura ele se aconchegou debaixo de uma arvore para tirar uma soneca, caiu no sono e foi acordado quando sentiu uma coisa fria esbarrando em seu pescoço, era um cachorro faminto que depois de lamber a panela foi lamber os restos agarrado em sua rala barba, ele ficou furioso e afastou o cão a pedradas e xingamentos, juntou as tralhas e voltou ao caminho, já no finalzinho da tarde ao atravessar um pequeno riacho deparou-se com três mulheres que lavavam roupas, ao vê-lo elas o indagaram sobre quem ele era, e ele se apresentou como tropeiro de Alfié. Curiosamente elas quiseram saber sobre o Agostinho das mulas. Ele então lhes perguntou de onde elas o conheciam, a resposta o deixou muito surpreso.
- Ele era nosso home. – Respondeu a que tinha a cara de mais assanhada, fazendo Valente imaginar mil loucuras, afinal eram três belas mulheres, ele então quis saber mais a respeito daquele relacionamento de um homem com três mulheres, mas elas insistiram em saber primeiro sobre o paradeiro de Agostinho, Valente então contou – lhes sobre a sua morte, elas se entristeceram e com lagrimas nos olhos o convidaram a ir até a pequena casa onde moravam chegando lá contaram pra ele que Agostinho era o homem das três, ele as tratava como se todas fossem esposas, alem de dormir com elas mantinha a dispensa sempre cheia, Valente cheio de convicção de que podia também tratar das três, se candidatou logo para substituí-lo, ele foi convidado a passar a noite com elas, noite aquela que, Valente jamais esqueceria. Em uma casa com três mulheres ele dormiu sozinho e esperou a noite inteira que uma delas se aconchegasse junto dele, pela manha meio nervoso começou a arrumar novamente as tralhas para partir, uma delas chegou com uma pequena lista de compras entregou-lhe e disse:
- Se quer ser nosso home passa aqui na volta com os mantimentos e ai nos veremos.
- Valente deu um sorriso, montou em Rubião e partiu ligeiro, louco pra voltar logo,
Mas a viagem era longa e cansativa às onze horas ele parou e preparou novamente outro almoço, a mesma mistura de sempre comeu ate se fartar deitou para tirar um cochilo, quando de repente uma pedrada lhe atingiu em cheio as costas, levantou-se rapidamente, sacou a arma e gritou: - Aparece quem fez isso se é homem, to esperando vamos vê. – Sua voz ecoou pelo vale e nenhuma resposta ele obteve, lhe veio logo a cabeça aquela estória de José sobre os fantasmas, Valente tratou logo de subir em Rubião e puxar a tropa o mais rápido possível, no finalzinho da tarde e inicio da noite, ele avistou Nova Era, com um enorme rio cortando-a pelo meio lá estava a tão esperada cidade. Valente apertou o passo na esperança de entrar na cidade ainda de dia, mas não foi possível, tratou então de procurar um lugar para amarrar a tropa e descansar até o dia seguinte, foi informado por outros tropeiros que havia um estábulo próprio para tropas e quase ao lado a pensão de dona Julia Cesário ao chegar apresentou-se a ela que se referiu a Agostinho das mulas com muito respeito ao saber que ele tinha falecido, lhe disse ainda que esperava que ele fosse tão boa pessoa quanto ele, ajeitou-lhe então um quarto e o banho. Mais tarde quando Valente já estava dormindo um barulho de vozes altas e gritos o acordou, ele abriu a porta e viu que se tratava de uma briga, vendo o desespero de dona Julia que tentava apartar os homens e vendo a situação de um deles que já estava muito machucado e o outro que ainda insistia em bater, Valente pegou sua arma, saiu do quarto apontou para o homem e pediu que saísse, o homem então lhe disse: - O ultimo que me apontou uma arma ta enterrado nas Mercês, -se referindo ao cemitério da cidade – Valente então lhe disse: - Sai dessa pensão agora ou então vai morrer. – O homem saiu sem dizer mais nenhuma palavra, só olhou bem nos olhos de Valente, quase que prometendo vingança. Depois de acudido o homem que havia apanhado explicou que o agressor era filho do coronel da policia e que Valente tomasse cuidado com ele, pois era um homem muito mau, explicou também que apanhou porque tinha uma divida com ele e que não conseguia acabar de pagar nunca, quando disse que não ia mais pagar, ele o agrediu. Dona Julia também advertiu Valente que tomasse cuidado, em agradecimento a valente o agredido Geraldo Batista ofereceu ajuda ao saber que era sua primeira vez em Nova Era, e no dia seguinte o acompanhou até o enorme mercado, depois de toda a compra separada foram juntos até o estábulo buscar as mulas, Geraldo batista também tinha alguns animais e fazia transporte para uma pequena vizinhança, quando chegaram na porta do estábulo o velho que tomava conta disse aos dois que alguém os esperava. Valente pegou sua arma e pediu que Geraldo esperasse do lado de fora do estábulo, foi entrando devagar procurando se esconder e não se tornar um alvo fácil, de repente o homem da briga na noite anterior apareceu acompanhado de mais um e então lhe disse: - ontem eu te avisei que não se metesse comigo e agora eu vou te ensinar uma lição. – Valente então lhe respondeu : - To pagando pra ver. – Neste momento os dois homens sacaram suas armas, Valente atirou primeiro acertando em cheio um deles o outro caiu sob um segundo estampido, Valente olhou para trás e viu Geraldo, que lhe disse : - é preciso que a gente vá embora esse cara que nois matemo é filho do coronel de policia um home muito covarde, vamos depressa pegar os animais e ir embora.
- Enquanto isso o velhinho que tomava conta do estábulo correu em direção da delegacia para contar ao coronel o ocorrido, Valente e Geraldo iniciaram logo a caminhada, para a sorte de Geraldo o velhinho só viu Valente entrar no estábulo, quando Geraldo entrou ele já estava a caminho da delegacia, sabendo disso Geraldo decidiu que seguiria por outro caminho com toda a tropa dele e de Valente que teria mais chance de fugir da milícia, Valente sem alternativa confiou a Geraldo a tropa e um recado ao Sr. Gaspar de que tão logo fosse possível ele devolveria o cavalo Rubião e saiu em disparada rumo cidade de Timoteo. Enquanto isso em Nova Era, ao encontrar seu filho e o seu comparsa morto no estábulo o Coronel luzio se revoltou e ordenou a seus homens que encontrasse o culpado e o matasse. Foram a pensão de dona Julia que lhes contou tudo o que tinha acontecido na noite da briga e de onde era o tropeiro, eles não queriam saber de quem era a culpa só queriam pegar o homem que matou o filho do coronel. O coronel então ordenou que pegassem a estrada para Alfié, que com certeza o assassino ainda estava por perto, partiram imediatamente. Geraldo seguiu o caminho para sumidouro para entregar suas mercadorias primeiro e no dia seguinte seguiria para Alfié. Com duas horas de cavalgada não encontraram nenhum sinal de Valente, retornaram a delegacia e informaram ao coronel que ordenou buscas por toda a cidade e se nada encontrassem que partissem pela manha para Alfié e que não descansaria até encontrar o assassino de seu filho. Logo bem cedo sem nada encontrar pela região, o coronel e seus homens partiram para Alfié, Geraldo também partiu de sua cidade rumo a Alfié para entregar as mercadorias de Gaspar. Os milicianos com certeza chegariam a tarde, e Geraldo provavelmente no dia seguinte, as mulas estavam com muito peso e ele teria que ir bem devagar. No finalzinho da tarde a milícia chegou e foram se informando ate chegar a mercearia de Gaspar que surpreso ouviu toda a versão da estória que os milicianos contaram e passou a contabilizar o prejuízo achando que Valente com certeza não voltaria mais ali, o coronel resolveu aguardar na cidade na espreita aguardando a chegada de valente. Geraldo cansado da viagem, avistou uma casinha e resolveu pedir abrigo por aquela noite, a casa era das três mulheres de Agostinho que ao verem as mulas ficaram curiosas sobre a origem daquele tropeiro, ele então contou lhes toda a estória, muito assustadas elas também contaram a Geraldo que conheceram Valente e que ele ficou de comprar algumas coisas pra elas, diante da boa vontade das mulheres em lhe abrigar naquela noite ele entregou a elas o que elas diziam ter pedido a Valente. No dia seguinte Geraldo partiu bem cedo queria logo entregar as mercadorias e voltar para sua casa. Com meio dia de estrada avistou Alfié, entrou no arraial sob o olhar curioso de quem estava na rua, ao chegar na porta de Gaspar foi cercado pelos milicianos que o aguardavam, Sr. Gaspar e José Gregório vieram para fora, Gaspar então exclamou alto de felicidade –Minhas mulas, minhas mercadorias!!! Mas você não é meu tropeiro....
- Então muito nervoso e exaltado o coronel quis saber quem era o rapaz e onde estava o tropeiro, Geraldo então explicou que estava seguindo para a sua região, quando encontrou com o tropeiro que conduzia aquelas mulas, que lhe deu um dinheiro e pediu que fizesse a entrega das mercadorias e dos animais ao seu dono, o coronel muito bravo queria muito saber do paradeiro do assassino. Geraldo inventou que o tropeiro assassino lhe disse que iria para a região da zona da mata e o Sr. Gaspar disse que ele era natural daquelas bandas só não sabia de qual cidade, o coronel estava disposto a achar Valente de qualquer maneira, e tudo indicava que ele iria até no inferno atrás dele. Geraldo Batista entrou tomou café com Gaspar e contou tudo que havia acontecido, José Gregório que ouvia toda a conversa, delirava com a aventura de Valente e sonhava muito em ser o próximo tropeiro, Gaspar ofereceu o posto de tropeiro a Geraldo que infelizmente não pode aceitar devido ao compromisso que tinha com seu pequeno arraial, Gaspar então lhe deu um dinheiro e agradeceu muito, voltou a ficar preocupado com a falta de um bom tropeiro os dias que se sucediam eram de muito trabalho era mês de abril, mês de festa da padroeira da cidade Nossa Senhora do Rosário, a cidade recebia pessoas de fora, e Gaspar vendia muito nestes dias, o problema é que as mercadorias acabavam rápido e ele precisava aumentar o estoque. Numa tarde já quase noite passava pela cidade um senhor com o nome de Epaminondas morador de uma cidade próxima,ele vinha montado em um cavalo e puxando o outro ao chegar no estabelecimento de Gaspar o chamou até a porta e lhe entregou, era Rubião, Epaminondas disse ter se encontrado com Valente na Cidade de Coronel Fabriciano e quando lhe disse de onde era lhe pediu que levasse o animal para Gaspar, que ficou imensamente grato. De posse novamente de Rubião, Gaspar só pensava em quem iria monta-lo novamente, foi quando José Gregório humildemente chegou até ele e pediu que o deixasse fazer o serviço de tropeiro, mas por acha-lo muito novo José Gregório recebeu um não, insistiu dizendo que montava bem e era muito bom de conta, ambas as coisas Gaspar não podia discordar pois sabia que era verdade, então questionou quem lhe ajudaria no armazém todos os dias, mas o rapaz já tinha pensado em tudo e foi logo dizendo: - O João da Mariquinha ta doido pra trabalhar, ele é um bom menino todo mundo conhece ele gosta de ser coroinha e ta sempre ajudando as pessoas em pequenas lidas. Diante da situação parecia ser uma boa oportunidade a ser dada a Jose Gregório. Gaspar concordou em fazer uma experiência. No dia seguinte bem cedo José Gregório chegou em companhia de João de Mariquinha, Jose passou o dia ensinando os afazeres da venda, sob o olhar atencioso de Gaspar que quase no final da tarde o chamou e conversou sobre a vida de Tropeiro seus perigos e responsabilidades em seguida o avisou que na manha seguinte podia partir, pediu que chegasse bem cedo, quis saber o que a sua mãe pensava , ele disse que ela só ficou preocupada, mas que se era pela sua felicidade então estava tudo bem. Logo pela manha, bem cedo José que nem conseguira dormir de tanta emoção, estava de pé na porta de Gaspar, era uma manha muito fria e Gaspar notou que o rapaz não trajava blusa de frio e nem sapatos, então lhe deu um par de botas e uma jaqueta de couro de vaca curtido e amaciado pelo tempo, jaqueta que era de Gaspar quando era ainda era um jovem em seu querido pais, Portugal, Jose não se cabia de tanta felicidade, ele ouvia atentamente tudo que Gaspar lhe dizia, ele lhe passou as mulas, todas já preparadas com seus balaios, e lhe entregou as redias de Rubião, seus olhos brilharam neste momento ele sabia que Gaspar estava depositando toda a sua confiança nele e queria provar que era capaz, por ultimo então Gaspar lhe mostrou que junto a cela de Rubião se escondia uma boa arma e todo o dinheiro para as compras. Jose partiu de cabeça erguida e acenando para todos os que passavam por ele. Apesar do medo que lhe doía a barriga ele sentia uma enorme vontade de ser alguém de valor, e no entusiasmo da estrada no trote manso de Rubião Jose seguiu viagem. Já era tarde quando resolveu parar e almoçar, esquentou o feijão com farinha e carne de sol, almoçou e não quis saber do descanso, de novo sobre o lombo de Rubião cavalgou mais algumas horas e avistou uma das mulheres de Agostinho das mulas. Ao chegar bem próximo a cumprimentou e a jovem quis saber de onde ele estava vindo, quando lhe disse que era de Alfié ela o perguntou se ele era o novo tropeiro, José então com o maior prazer disse que sim e a mocinha o convidou para chegar até a sua casa para que pudesse lhe apresentar suas amigas, ele seguiu com ela já se deixando levar pelos encantos da jovem, ao chegarem, as meninas o cercaram e contaram toda a historia de como viviam e o fato de Agostinho ter se tornado o homem das três, José ficou impressionado ele que nunca havia namorado ninguém e estava prestes a se tornar um homem de três mulheres, a prosa estava tão boa que Jose não viu a chegada da noite e elas o convidaram para dormir, ofereceram-lhe também banho e algo para comer. A mais jovem das três se mostrava a mais interessada pelo rapaz, seu nome era Maria Estela, conversou com José até bem tarde da noite e ele também parecia estar bem interessado. Ela o acompanhou até a porta do quarto se despediu e foi deitar-se com suas companheiras, pela manha bem cedinho, quando José se preparava para partir, Manoela a mais velha das três lhe entregou a listinha das compras e Rosa Maria a mais calada lhe disse: Traga tudo direitinho meu amor, José deu um sorriso olhou para Maria Estela e partiu rumo a Nova Era, enfrentou um dia ruim, muito frio e garoa o tempo todo, já quase no final da tarde avistou a cidade, fez como os outros tropeiros guardou as mulas no estábulo do Zé pequeno e foi para a pensão de D. Julia Cesário, onde se apresentou como tropeiro de Alfié. Dona Julia o achou muito novo, lhe deu as boas vindas oferecendo-lhe um bom quarto e um bom banho, José notou que naquela noite estava tendo barraquinha na cidade, resolveu antes de dormir ir tomar um quentão para esquentar do frio, ficou de costas encostado à barraca observando as lindas moças que passavam a sua frente, uma lhe chamara mais a atenção e ele flertava tranquilamente quando um homem chegou perto dele e lhe perguntou: - Ta achando a moça bonita? – Imediatamente José parou com o flerte e sorriu sem graça para o estranho, que lhe aconselhou a parar de olhar, pois o pai da moça o observava de uma outra barraca e ele era meio ignorante. Jose agradeceu e o estranho se apresentou, era um rapaz que tinha a sua idade. Seu nome era Geremias e ele trabalhava no armazém central onde Jose iria comprar as mercadorias, começaram a conversar e a beber quentão, Geremias contou para Jose como eram os procedimentos para o atendimento no mercado e acabaram fazendo uma boa amizade, beberam até tarde contaram casos e piadas e ambos já embriagados passaram a mandar beijos para as moças que já se encaminhavam para casa, fizeram uma farra. No dia seguinte, José conseguiu com muita dificuldade levantar cedo, se despediu de dona Julia e foi ate o mercado, se encontrou com Geremias que o ajudou com as compras, e ao se despedir lhe disse que gostaria de ter dado a mesma sorte que ele a de trabalhar como tropeiro e Jose lhe disse com poucas palavras: - Se é isso que você quer, um dia você consegue. – Partiu deixando um amigo e a certeza que quando voltasse ele estaria ali para ajudá-lo novamente. O dia estava nublado e parecia que ele ia pegar chuva, com uma hora de marcha despencou o céu, José cobriu toda a carga com uma lona, a chuva era tão forte que ele resolveu parar, juntar os animais a um barranco improvisando assim uma barraca, se escondeu debaixo, de repente observou que alguém se aproxima eram três cavalos, logo pensou que seria alguém também viajando, mas os homens pararam bem próximos mais ou menos uns cem metros e da gretinha da lona José notou que pareciam estar procurando alguma coisa olhavam para os animais e não falavam nada, foi quando um gesticulou para o outro pedindo que descesse do cavalo e se aproximasse dos animais e José então notou que só poderia ser ladrões, devagar tirou da capanga que estava no lombo de Rubião a arma que Gaspar havia lhe dado e tremulo de medo esperou que o homem se aproximasse, respirou fundo e de um golpe só saiu debaixo da lona com arma em punho e gritou: - O que é que oce ta querendo?- Assustado o homem disse que não era nada não, mas de repente um dos que estava montado fez um gesto como se fosse sacar uma arma, José se assustou e deu um tiro sem mirar em nada, o cavalo do homem impinou e ele foi ao chão deixando as vistas à arma que trazia na cintura, José então exigiu que o homem lhe entregasse a arma, mas ele não queria entregar dizendo que eles não eram ladrões que apenas estavam passando, José continuou pedindo a arma , Jose então disparou mais um tiro próximo do homem e lhe advertiu que o próximo não seria no chão o homem então tirou a arma da cintura e jogou perto de José que a pegou e mandou que eles fossem embora, eles montaram e partiram, ainda tremulo e muito receoso, José apertou o passo e no final da tarde chegou a casa de Manoela e suas amigas que o receberam com muita alegria, apesar de ainda muito assustado, José estava feliz por estar entre suas novas amigas.
Contou então para as moças a sua aventura com os ladrões, e se manteve como um grande homem que não se assusta com qualquer bandidinho enquanto proseavam a noite veio caindo devagarinho, esquentaram a água para que Jose lavasse os pés e sempre sob o olhar atencioso de Maria Estela, Jose se aprontou para deitar-se. Sua cama foi preparada num pequeno quarto ao lado do quarto das moças, quando ia dar boa noite Maria Estela o chamou para ver a lua por um minuto e as outras duas foram deitar, José meio sem graça notou que a moça estava interessada nele e ele estava interessada nela também, contou toda a sua estória e ouvia toda a da moça, a lua estava linda e como um passe de mágica Maria Estela beijou Jose ambos se abraçaram como se fosse a ultima vez e se sentiram como se aquilo fosse um oxigênio para sobreviverem, os lábios quentes de Maria lhe fizeram viajar a uma galáxia que ele não conhecia, de repente caiu a chuva, correram de mãos dadas para dentro de casa e caminharam juntos para o quarto, num beijo longo tentaram se despedir para cada qual seguir para sua cama, mas era impossível sem oxigênio poderiam morrer, ele a puxou pelo braço que sem oferecer resistência entrou quarto a dentro caindo de costas na cama, era a primeira noite de José com uma mulher mas ele não se sentia intimidado ou com medo algo o impulsionava a fazer a leitura dos movimentos e a jovem ainda que meio embaraçada em meio a tanto amasso e beijos que ele era seu segundo homem e que desde o sumiço de seu marido ela não havia se deitado com ninguém. A noite passou rápida e Ambos não dormiram nada pela manha sorriam como crianças levadas, José partiu e prometeu voltar o mais rápido possível, deixou todos os mantimentos necessários para as moças, viajou durante todo o dia sentindo o cheiro de sua amada empreguinado em seu corpo. Ao final da tarde ao chegar no arraial, Gaspar comemorou , seu menino havia se saído bem.
Entregou toda a encomenda e foi para casa ver sua mãe e descansar. No outro dia bem cedo já estava na venda para a surpresa de Gaspar e João da Mariquinha que foi logo perguntando se ele queria de novo o seu lugar, mas na verdade José estava tão acostumado acordar cedo e ir para a venda que não conseguia ficar quieto dentro de casa. Ele então montou em Rubião e disse a Gaspar que iria dar umas voltas entre as colinas. Enquanto galopava com o vento fresco no rosto, lembrava dos beijos que deu em Maria Estela e dos momentos inesquecíveis que passaram juntos, a saudade começava a lhe tocar mais forte. Quando parou de galopar notou que estava bem próximo de uma cachoeira que muitas pessoas da cidade costumavam ir nos dias mais quentes ele desceu de Rubião e mesmo com o frio resolveu tomar um banho e quando se banhava um outro amigo chegou Sebastião Zeferino conhecido por todos como Zefinho. Cumprimentou o amigo que lhe disse que estava indo embora para a capital, seu pai queria que estudasse, Zé Gregorio achou aquilo tão diferente, e começou a especular querer saber mais a respeito da capital, Zefinho havia viajado varias vezes pra lá, pois tinha uma tia que morava Há anos na capital, contou a Zé Gregório que lá era muito animado, muitos automóveis, muitas meninas bonitas e um comercio intenso Zé lhe disse que um dia gostaria de passear por lá, Zefinho então lhe fez o convite que quando ele quisesse, era só lhe escrever em seguida perguntou ao Zé sobre Rubião se ele era um bom cavalo, Zé então lhe respondeu que era o melhor, o mais rápido das redondezas, Zefinho sorriu e disse que duvidava, chamando Zé para um Galopar frenético, Zé Gregório que não era de correr de desafios alinhou Rubião com relâmpago que era o cavalo de Zefinho e dispararam pela planície sem fim, ambos eram muito habilidosos na montaria e já estavam acostumados a estes galopes, Jose Gregório por ser bem magro, geralmente levava uma certa vantagem e acabava sempre vencendo, não foi diferente, ganhou de Zefinho por uma cabeça de diferença, despediu-se então do amigo e voltou para a venda. A semana passava lentamente, quase que se arrastando, Zé aproveitou os dias de ócio para arrumar o telhado de sua casa e o cercado dos porcos sua mãe estava muito feliz por ver o filho satisfeito, no domingo bem cedo quando caminhava para ir a missa encontrou-se com Gaspar que lhe disse que já estava precisando de mercadorias, Zé sorriu com satisfação e se preparou para sair no dia seguinte bem cedo. Fazia um frio danado, uma chuva fina com uma nevoa intensa cobria todo o vale, mesmo assim Zé Gregório estava muito animado, feliz por estar fazendo o que ele mais gostava de fazer e feliz porque veria novamente a bela Maria Estela. O dia ia se abrindo e o caminho ficando mais fácil e não demorou muito para que chegasse a casa das moças, a alegria de ambos ao se reencontrarem foi realmente contagiante, almoçaram juntos, e Zé sentia dificuldade para se despedir, mas não demorou muito juntou suas coisas e partiu rumo a Nova Era. Novamente levou uma listinha das moças. O tempo frio e meio chuvoso fez com que Zé Gregório andasse mais rápido e a noitinha ao chegar foi direto guardar os animais e se hospedar na pensão de D. Julia, ela que havia se simpatizado muito com ele o recebeu de braços abertos, como se fosse um filho. Zé Gregório tomou um banho e saiu para ver se encontrava com Geremias para que o ajudasse com as compras, logo que saiu na rua encontrou Geremias que o cumprimentou com muita satisfação, ambos então resolveram tomar um aperitivo num bar logo no final da rua. Ao chegar no bar tamanha foi a surpresa de Zé Gregório ao ver o bandido que havia tentado lhe assaltar dias atrás.
Zé Gregório chamou Geremias para ir embora pois ficara com medo, o homem que também o reconheceu ficou inquieto, olhou e desviou o olhar varias vezes, quando voltavam rumo a pensão Zé contou para Geremias que disse não conhecer aquele homem, ficaram na pensão conversando até tarde. José Gregório perguntou a Geremias se ele conhecia outras cidades, ele então lhe contou que nunca havia saído de Nova Era, seus pais eram gaúchos mas ele nascera ali e ainda não tivera oportunidade de fazer um passeio, José Gregório com a cabeça cheia de idéias perguntou a geremias se ele tinha coragem de ir até Belo Horizonte montado no lombo de um animal, Geremias garantiu que sim e juntos começaram a imaginar como fariam tal viagem. Apesar da conversa dos dois estar bem descontraída Zé não podia deixar de pensar no bandido que ele havia encontrado ha pouco e pediu ao amigo que também ficasse atento se caso visse alguma coisa suspeita, Zé foi se recolher com a garantia que seu fiel amigo lhe ajudaria novamente com as compras como da primeira vez.
No dia seguinte bem cedo Zé buscou a tropa no estacionamento-estabulo, e começaram a carregar as mulas, Geremias continuava muito animado com a idéia da viajem e não falava de outra coisa de repente quando quase todas as coisas estavam sobre as mulas, Geremias contou que aquele era o seu ultimo dia no mercado pois, havia se comprometido com outro mercado onde o salário era melhor, na cidade de Itabira, mas depois de ter conversado com ele sua cabeça estava virada queria muito conhecer Belo Horizonte. Zé o convidou então a ir até Alfié, passar uns dias e depois partirem para uma aventura em Belo Horizonte, Geremias disse então que não queria atrapalhar sua viajem pois para irem juntos até Alfié, Zé teria que esperar para partir pois seu patrão demoraria um pouco para chegar e fazer um acerto financeiro com ele, Zé então partiu e Geremias disse que mais tarde o alcançaria na estrada, Zé iniciou sua viagem ainda um pouco preocupado com o bandido, com a garrucha enfiada na cintura adentrou-se estrada a fora a claridade chegava lentamente, as mulas estavam mais lentas pois havia feito uma compra maior e todo cuidado era pouco para poupar os animais. Com uma hora de caminhada o sol já havia esquentado bastante, Zé não deixava de olhar sempre a sua volta, com medo de uma emboscada, o que não era incomum naquela região, mas como se proteger caso alguém atirasse pelas costas? Aquelas preocupações tiravam-lhe a concentração da estrada e isto estava fazendo com que a viagem rendesse menos, durante mais quarenta e cinco minutos viajou tranqüilo, até que do alto de um desfiladeiro avistou a uns quinhentos metros um cavalo amarrado a uma arvore, diminuiu o passo na esperança que alguém aparecesse e retirasse o animal, algum fazendeiro ou morador da região. Descia o desfiladeiro com muita cautela tentando imaginar o que fazer, aquilo parecia mesmo uma emboscada e com certeza quando ele parasse a tropa bem dentro do vale eles o atacariam sem chance de defesa. Zé parou, colocou os burros em circulo se posicionou no meio, desta forma se protegeria dos tiros que poderiam vir de qualquer lado. Durante quase uma hora Zé não tirou os olhos daquele cavalo e não se ouvia nada, se realmente alguém lhe esperava naquela garganta do diabo, estavam bem escondidos e dispostos a acabar com ele, de repente ouviu-se um galopar forte vindo pela retaguarda, apreensivo Zé empunhou a garrucha por cima do lombo de Rubião e aguardou preparado para um tiro certeiro que despacharia pelo menos um para o inferno. Quando surgiu numa nuvem amarelada de poeira o cavaleiro Zé não teve tempo de mirar atirou a ermo pelo menos pra espantar o cavalo inpinou, seu cavalheiro foi ao chão, só então Zé pode identificá-lo, era Geremias, que muito assustado conseguiu se levantar rapidamente e gritou: -Ô Zé Ta ficando Doido?!!! você quase me matou !! - Minha nossa Senhora me desculpa pensei que fosse aqueles malditos !!!
-Mas o que você ta fazendo parado aqui?
-Então Zé mostrou para Geremias o cavalo amarrado na arvore, que nem com tanto barulho não apareceu ninguém para retira-lo, Geremias ficou pálido ou seja mais pálido ainda, afinal de contas ele não havia se recuperado do susto ainda, mas mesmo assim ele teve uma idéia.
-Zé vomo voltar, subir o desfiladeiro de novo e tentar fugir.
-Zé então se irritou.
-Fugi pra onde? Pra corrê tenho que largar minhas mercadorias tudo pra trás, vamo enfrentar eles, você não tem uma arma?
- Tenho sim, uma arma e muito medo.
-Naquele momento um mau cheiro tomou conta do pedaço e Geremias resmungou:
-Acho que eu caguei na calça
- Começaram a subir o desfiladeiro sem saber o que fazer só lhe restavam observar se alguém viria atrás deles, mas rapidamente Zé teve uma idéia melhor, assim que terminassem de subir o desfiladeiro e ficassem fora do alcance da visão de quem estivesse lá embaixo, Geremias continuaria a seguir o caminho com a tropa enquanto Zé se esconderia no meio do mato armando uma emboscada para pegar quem queria lhe pegar. Não deu outra de dentro do seu esconderijo viu dois homens saírem do meio do mato, montaram os dois num só cavalo e começaram a subir o desfiladeiro rapidamente, Zé armou sua arma e pediu a Virgem Maria sua proteção para que ele não errasse o tiro, afinal de contas a única coisa que ele poderia fazer era matar aqueles homens, pois se não jamais teria paz para continuar fazendo seu trabalho.
Geremias ia o mais rápido que podia, apesar do medo tirou a arma da cintura e a segurava nas mãos e ia repetindo baixinho.
- Minha Nossa senhora, meu Pai que esta no céu, eu num fiz nada de errado nessa vida, me ajuda, me ajuda!!!! Cambada de bicharada mole!!!
-Zé aguardou aqueles homens chegarem bem perto, bem no alto do desfiladeiro, queria ter certeza que era o mesmo bandido que tentou rouba-lo da primeira vez, e quando estavam bem perto não havia mais duvidas, Zé mirou certeiro um tiro no meio do peito, o outro pulou do cavalo e tentou correr Zé o alvejou pelas costas. Ele então ficou estático impassível diante de tanta brutalidade, suas mãos tremiam as pernas estavam bambas, Geremias voltou a galope, apesar de não saber o que havia acontecido, sentiu coragem para ajudar o amigo caso estivesse precisando, ao chegar ao local e se deparar com a cena exclamou:
-Graças a Deus você esta vivo
-Zé então parecendo ter saído de um transe disse:
_ É graças a Deus que eu estou vivo, vamo embora daqui depressa eu quero esquecer disso aqui.
- Pegaram as mulas e seguiram grande parte do caminho em silencio que só foi quebrado com a aproximação da casa das mulheres, onde com certeza Maria Estela o aguardava.
-Geremias, ta vendo aquela casinha lá embaixo, lá nos vamo para, descansar comer alguma coisa é lá que mora minha namorada.
-Geremias abriu um sorriso, nem para almoçar eles tinham parado estavam todos exaustos, inclusive os animais.
Quando chegaram foi uma verdadeira festa, Maria Estela pendurou em seu pescoço enquanto as moças se apresentavam para Geremias, as apresentações foram feitas e as compras entregues, eles se sentaram á mesa e enquanto comiam contarão todo o ocorrido para as garotas, elas acharam Zé muito valente, e o tranqüilizaram com relação a morte que agora ele carregava nas costas dizendo que se ele não tivesse matado com certeza estaria morto.
Depois de se lavarem Zé se recolheu junto com Maria Estela em um dos quartos e Geremias foi convidado a dividir o outro quarto com Manoela e Rosa Maria, ele não se agüentava de tanta ansiedade sem saber como se comportar com aquelas duas lindas mulheres, mas na verdade não ele não teve muito tempo para se preocupar a porta mal se fechou ele já foi sendo beijado, foi empurrado para a cama e suas roupas tiradas a força. Adentraram a noite se revezando numa relação caliente digna de um sultão em seu harém.
Pela manha, bem cedinho Zé Gregório se levantou junto com sua namorada Maria Estela que lhe preparou um café com broa de canjica, enquanto viviam um apaixonado romance, como se fossem casadinhos e vivessem sozinhos naquela casinha no meio do mato, eles realmente estavam apaixonados, paixão esta que fez Zé até se esquecer do amigo, quando se preparava para partir lembrou que Geremias estava com ele, mas ainda não tinha se levantado, Maria Estela bateu na porta do quarto, Geremias apareceu com um sorriso que não tinha tamanho e disse:
-Eta noite boa, acho que vou ficar por aqui
- Manoela gritou lá de dentro do quarto:
-Pode ficar, nos tamo precisando de um home aqui pra nos ajudar na lida.
-Geremias que havia brincado começou a pensar serio, olhou pra cara de Zé Gregório querendo saber o que ele tinha pra falar e ele disse:
- Ora, é você quem sabe, se quiser ficar, eu volto em dois dias.
Geremias não pensou mais, despediu-se do amigo se esquecendo até dos planos de viajar para Belo Horizonte, mas Zé não se importou pois estava vivendo uma paixão e ele não queria deixa-la para trás. Enquanto seguia viajem a passos lentos com a tropa não podia deixar de imaginar se alguém já tinham encontrado os corpos dos bandidos, se havia alguém tentando descobrir o que havia acontecido ali, pensando sempre nisso quando assustou já estava entrando em Alfié, recebido com muita satisfação por Sr. Gaspar, Zé descarregou toda a carga Junto com João da Mariquinha que não parava um só momento de lhe perguntar sobre a viajem, depois foi ter um dedo de prosa com Gaspar e lhe contou tudo que havia acontecido, muito assustado Gaspar lhe deu razão e o apoiou mas ficou preocupado pois Zé era um Rapaz muito novo e muito humilde para passar por uma situação como aquela Ele o aconselhou a esquecer todo o ocorrido e não contar para mais ninguém.
No dia seguinte logo pela manha , saiu para uma cavalgada, foi ate a cachoeira onde tomou um banho e por lá ficou por varias horas a contemplar o lugar que era maravilhoso, mais tarde foi com sua mãe a igreja e não se esqueceu de pedir proteção para a próxima viajem. Depois de muito pensar seguiu novamente para a venda de Sr. Gaspar e lhe disse da idéia de ir para Belo Horizonte, queria tentar a sorte de ir buscar as mercadorias diretamente na capital, Sr Gaspar imaginou logo que poderia economizar um pouquinho, mas notando que o rapaz estava mesmo era receoso de voltar a Nova Era, concordou e incentivou Zé a seguir viajem. Muito entusiasmado ele se encaminhou para a casa de Maria Estela, quando lá chegou foi logo se encontrando com Geremias que realmente estava muito feliz, contou-lhe todo o plano para a próxima viajem e que partiria em dois dias, Geremias se animou apesar de estar muito feliz ali mas ele precisava trabalhar para manter suas duas mulheres, ao se encontrar com Maria Estela contou-lhe também que concordou pois não queria ver seu amado se arriscando pelos caminhos de Nova Era. Os dois dias que antecederam a viajem passaram rápido, e na manha de uma quarta-feira ambos se apresentaram a Sr. Gaspar, Geremias foi apresentado como ajudante de viajem. Gaspar não se importou com mais um ajudante afinal de contas ele achava Zé muito novo para caminhar sozinho por tão longe.
Partiram com uma manha muito linda sob o olhar admirado dos que sabiam da nova empreitada, os caminhos eram bem diferentes e o animo também, sabiam que precisariam parar mais vezes e que a viajem levaria no mínimo três dias de ida com os burros sem carga e na volta com os burros carregados mais ou menos o dobro do tempo.
Enquanto cavalgavam Geremias tirou uma gaita do bolso e começou a tocar uma musica para a surpresa de Zé que agradou muito o som da gaita ajudava o tempo passar e trazia boas coisas a imaginação. Com meio dia de caminhada alcançaram a cidade de Bela vista de minas distrito de João Monlevade, pararam para almoçar debaixo de uma frondoso arvore bem na entrada da cidade e sob o olhar curioso de alguns moradores fizeram um fogãozinho de pedra para esquentar o guisado foi quando uma senhorinha bem velhinha chegou até eles os chamando de meus filhos e oferecendo para que aproveitassem o fogo do seu fogão que estava aceso, eles aceitaram e ficaram muito agradecidos seguiram até uma casinha bem humilde, ela contou pra eles que morava sozinha, era viúva e seu único filho partira para a cidade grande Zé imaginou logo que a cidade grande a que ela se referia só podia ser Belo Horizonte, eles então tiveram pena da velha senhora e curiosidade como é que ela vivia ali sozinha se já não tinha mais idade para trabalhar, plantar e colher e notaram que na sua casa não tinha muito alimento, ofereceram pra ela um pouco do guisado que aceitou sem cerimônias, enquanto comiam alguém bateu a porta a senhorinha se levantou e atendeu era um padre de nome Teófilo que lhes foi apresentado e lhes tirou toda a curiosidade pois levava nas mãos alguns mantimentos para velha senhora e logo perceberam que era padre Teófilo que cuidava dela. Durante uma boa prosa com Padre Teófilo sobre a vida no mosteiro onde havia ficado por alguns anos, deixaram os dois muito a vontade imaginando a vida de paz que não seria aquele lugar onde só se ouvia o cannto dos pássaros, Pe Teófilo também se encantou com a estória dos dois que estavam se aventurando por aquela estrada atrás de coisas diferentes ele destacou o espírito aventureiro dos dois e os abençoou para que tivessem sorte naquela empreitada, aproveitou para lhes fazer um pedido, que ao chegarem em Belo Horizonte procurassem pelo padre José Candido na igrejinha do carmo que com certeza ele lhes dariam refeição e lugar para dormir e mandaria com eles um terço vindo de Roma, abençoado pelo Papa, ambos ficaram pasmos com tamanha responsabilidade, Pe Teófilo fez um pequeno bilhete para apresentarem ao Pe José Candido.
Abençoados continuaram a viajem, sem saber onde seria a próxima parada, mas de alma leve riam que nem crianças iluminadas por um bom Deus.
Atravessaram a cidade de João Monlevade a adiantaram o maximo o passo. A noite caia devagarinho, até que resolveram juntar os animais e se deitarem bem ao lado da estrada que quase não passava nada, o frio naquela noite estava bem forte mas ambos estavam bem agasalhados. Geremias fez um comentário que deixou Zé Gregório mais feliz, - Zé você notou como as coisas pareceram tão mais fáceis depois da abençoada do Padre? – Verdade me senti mais encorajado passei a sentir que Deus esta conois, agora vão dar jeito de dormir amanha temo muito chão pela frente. Depois de uma noite tranqüila e bem dormida raparam uma panela que ainda tinha um resto de mexido e fincaram o pé no caminho. Depois de muito caminhar mais uma grande cidade até bem desenvolvida era Itabira cidade de muitos morros e muito minério, lá se falava em ouro e as pessoas viviam uma loucura com o tal do ouro que não se falava em outra coisa mas a viajem ainda era longa e atravessaram a cidade com todos achando que eles eram novos garimpeiros que chegaram a cidade , por ali passaram rápido e só foram parar em um pequeno arraial de Bom Jesus do Amparo. Por lá uma jovem chamada Dalila que caminhava com uma lata de água na cabeça sorriu para Zé e lhe deu bom dia, perguntou para onde estavam indo, Geremias todo orgulhoso respondeu antes mesmo que que Zé respondesse, de acordo com Dalila uma jovem até muito inteligente disse que poucas pessoas saem em viajem para a capital, mascates passam geralmente com todo o tipo de produtos por ali. Mas Zé não ligou pois o objetivo era levar mercadorias para Gaspar, Dalila lhes desejou boa sorte e partiram para a reta final da viajem. Mas quando achavam que estavam chegando, descobriram uma cidade interessante bem perto do objetivo de sua viajem, era a uma das cidades mais antigas de Minas Gerais Sabará, cuja a cidade ambos nunca tinham visto falar, já ouvira falar em Ouro Preto, mas Sabará não conheciam, sentaram a beira da estrada e viam as pessoas passando de um lado para o outro, o rio que cortava a cidade era tão cristalino que enquanto os animais bebiam água Geremias e Zé se refrescavam, entraram em uma bela igreja toda em ouro e agradeceram a Deus pela acolhida daquela cidade, onde se sentiam em casa, resolveram passar a noite naquela cidade e descobriram uma pensão mais que centenária que segundo seu proprietário havia sido construída por escravos. Ouviram algumas modas de viola e um outro viajante que também se hospedava ali ensinou-lhes como entrar dentro da cidade e os melhores locais de compra. No dia seguinte bem cedo partiram, com algumas horas de caminhada alcançaram uma estação de trem muito bonito a Estação General Carneiro, curiosamente havia uma maquina parada na estação e o maquinista vendo aquele dois jovens puxando a tropa quis saber de onde eles estavam vindo.eles então responderam que era de Alfié, distrito de São Jerônimo, o maquinista fez uma cara de curiosidade e quis saber mais a respeito daquela viajem que estavam fazendo, José entendeu a curiosidade do moço afinal de contas pra que vir de tão longe comprar mercadorias se eles poderiam ter ido bem mais próximo

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Cruzada- Beto Guedes

Não sei andar sozinho
Por essas ruas
Sei do perigo que nos rodeia
Pelos caminhos
Não há sinal de sol
Mas tudo me acalma no seu olhar
Não quero ter mais sangue
Morto nas veias
Quero o abrigo do teu abraço
Que me incendeia
Não há sinal de cais
Mas tudo me acalma no seu olhar
Você parece comigo
Nenhum senhor te acompanha
Você também se dá um beijo dá abrigo
Flor nas janelas da casa
Olho no seu inimigo
Você também se dá um beijo dá abrigo
Se dá um riso dá um tiro
Não quero ter mais sangue
Morto nas veias
Quero o abrigo do teu abraço
Que me incendeia
Não há sinal de cais
Mas tudo me acalma no seu olhar
Você parece comigo
Nenhum senhor te acompanha
Você também se dá um beijo dá abrigo
Flor nas janelas da casa
Olho no seu inimigo
Você também se dá um beijo dá abrigo
Se dá um riso dá um tiro

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Nando Reis

José Fernando Gomes dos Reis, conhecido como Nando Reis (São Paulo, 12 de janeiro de 1963), é um cantor, violonista e compositor brasileiro.

Ex-baixista da banda de rock Titãs, emplacou vários sucessos e hoje segue em carreira solo, atualmente acompanhado pela banda Os Infernais. Gosta de futebol, torce pelo São Paulo Futebol Clube e mantém uma coluna semanal sobre este tema no jornal O Estado de S. Paulo.

Nando tem cinco filhos: Theodoro, Sophia, Sebastião, Zoé e Ismael.

Nando Reis saiu dos Titãs após a gravação do álbum A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana, e ficou conhecido como um dos maiores compositores da sua geração, compondo sucessos como "Diariamente" (com sua ex-namorada Marisa Monte), "All Star", "O Segundo Sol" e "Relicário", gravados por Cássia Eller; "Resposta" e "É Uma Partida de Futebol", gravados pelo grupo mineiro Skank; "Do Seu Lado", gravado pelo também mineiro Jota Quest e "Onde Você Mora?", gravado pelo grupo Cidade Negra. Isso sem falar na vasta coleção de hits compostos durante sua permanência nos Titãs, como "Igreja", "Os Cegos do Castelo" e "Jesus não tem dentes no país dos banguelas".

Atualmente é um dos 10 maiores arrecadadores de direitos autorais no Brasil, de acordo com o ECAD, levando em conta músicas tocadas em shows e execuções em rádio (conforme noticiado pela Folha de São Paulo em 7 de Fevereiro de 2009). Músicas suas fazem parte dos últimos lançamentos de Skank (o sucesso "Ainda Gosto Dela") e Jota Quest.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Luz dos olhos

Luz Dos Olhos- Nando Reis
Ponho os meus olhos em você
Se você está
Dona dos meus olhos é você
Avião no ar
Um dia pra esses olhos sem te ver
É como chão no mar
Liga o rádio à pilha, a TV
Só pra você escutar
A nova música que eu fiz agora
Lá fora a rua vazia chora...
Os meus olhos vidram ao te ver
São dois fãs, um par
Pus nos olhos vidros prá poder
Melhor te enxergar
Luz dos olhos para anoitecer
É só você se afastar
Pinta os lábios para escrever
A sua boca em minha...
Que a nossa música eu fiz agora
Lá fora a lua irradia a glória
E eu te chamo, eu te peço: Vem!
Diga que você me quer
Porque eu te quero também!
Faço as pazes lembrando
Passo as tardes tentando
Lhe telefonar
Cartazes te procurando
Aeronaves seguem pousando
Sem você desembarcar
Pra eu te dar a mão nessa hora
Levar as malas pro fusca lá fora...
E eu vou guiando
Eu te espero, vem...
Siga onde vão meus pés
Que eu te sigo também.
Porque eu te amo!
E eu berro: Vem!
Grita que você me quer
Porque eu te quero também!
Hei! Hei!...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ABERTURA

QUERO INICIAR MEU BLOG ESCREVENDO TUDO EM MAIUSCULO, PORQUE NA VIDA TUDO QUE NOS PROPOMOS A FAZER PARA O NOSSO BEM TEM QUE ESTAR EM MAIUSCULO.


OS ANOS 70 SE FORAM E COM ELES A MINHA MENINICE, ASSISTE DA MINHA RUA A CHEGADA E A PARTIDA DE VARIAS TENDENCIAS E MODISMOS AINDA QUE MEIO SEM ENTENDER EU SABIA DA IMPORTANCIA DAQUELA LOUCA GERAÇÃO.
OS ANOS 80 SE FORAM E COM ELES A MINHA ADOLECENCIA, VIVENCIEI DESCOBERTAS FANTASTICAS SOBRE MEU PROPRIO MUNDO, UM MUNDO PARALELO AO PRINCIPAL, VI GERAÇÕES PASSADAS AMADURECENDO, OUTRAS SE PERDENDO NA LINHA DO TEMPO, E EU APRENDENDO DALI DA MINHA RUA.
OS ANOS 90 SE FORAM E COM ELE A SEGURANÇA DE SER JOVEM ASSISTIDO PELOS PAIS, VIVENDO A DOCE EXPERINCIA DE NÃO TER QUE TER TANTA RESPONSABILIDADE, VI OS CAMINHOS SE CRUZAREM E CADA UM PEGANDO O SEU BONDE, ALGUNS CAINDO E SE LEVANTANDO OUTROS FICANDO PELO CAMINHO.
OS ANOS 10 DO NOVO MILENIO CAMINHANDO PARA O SEU FIM E COM ELE A FASE DA LONGA ESCALADA,MOCHILA PESADA NAS COSTAS, SEM DIREITO A DESISTIR DO CUME.REFAZER TRAJETORIAS QUE ALGUEM UM DIA TENTOU NOS ENSINAR, CAMINHO ARDUO INDEPENDENTE DA SUA COLOCAÇÃO, MAS CHEGAR AO CUME É O MAIS IMPORTANTE, LA VOCE PODE SE ASSENTAR E ASSISTIR COM VISÃO PREVILEGIADA DOS ANOS QUE VIRAM E QUE LHE SERÃO ABENÇOADAS, COM A MISSÃO DE APENAS CONTAR PARA QUEM QUIZER OUVIR TUDO QUE VOCE APRENDEU COM A VIDA.